Self-host e Fediverse – Um conceito libertador

Acompanhei a juventude da Internet, ou seja, a mudança de paradigma nas comunicações inter-pessoais.

Outro dia mesmo me peguei pensando: como faço se alguém me pedir um comprovante de endereço em papel? Não recebo mais nada dessa forma, tudo é via Internet.

Mas eu sou do tempo das cartas, telegramas e cartões postais; acho que talvez isso tenha me influenciado para criar um blog. Eu escrevia muito; cartas, poemas, letras de música, manifestos políticos, tudo o que passava pela mente.

Hoje é tudo via Internet. Escrever uma simples frase em uma ferramenta como um microblog para outra pessoa ler e responder e interagir…fascinante.

Mas há entraves. Penso que o principal é que humanos são ruins por natureza, poucos se salvam, então eles estão em todos os lugares. Como nos protegermos dessa negatividade? Ou posso mesmo dizer: perigo?

A primeira coisa que me vem à mente é: aprender como isso tudo funciona.

Mas como fazer isso? As aplicações que usamos são feitas para alguém ganhar dinheiro. Claro, é o modelo capitalista opressor. E se é assim, por que quem detém esse conhecimento o divulgaria? De graça?

Então, basicamente, somos “obrigados” a usar aplicações, ferramentas, que funcionam, sabe-se lá como, para nos manter o mais possível entretidos.

Ei, boa palavra: entretido. É o que, no final, signfica aquele termo tão em voga, engajamento. É o truque do ilusionismo: mostre algo que fixe a atenção e a pessoa não vai enxergar o que realmente está acontecendo.

E então as pessoas passam a pensar que tudo é assim, todo mundo usa, é o normal na sociedade. Bom, não é! Nem todo mundo tem ou usa uma rede social ou a mesma rede social.

O mundo da tecnologia tem nichos, como se fossem turmas. Tem as turmas de programadores de front-end (o que você vê da ferramenta), de back-end (a parte que você não vê…), administradores de bases de dados, analistas de redes e infra-estrutura, gerentes de equipes multi-task, whatever, muitas turmas.

Elas se comunicam e interagem e muitas vezes usam ferramentas diferentes dos outros. Mas e quem não é da área? Estes nem sabem das outras ferramentas, nem mesmo sabem dos conceitos envolvidos.

A experiência das pessoas comuns é abrir um site no computador ou o app em um smartphone, fazer um cadastro e começar a usar. Eles não sabem como funciona nem querem saber, só querem que funcione. Bom, imediatamente após acessar, essa pessoa vai receber muitas mensagens da aplicação e é isso mesmo que ela quer. Para ela, essa é a comunicação atual, como as “pessoas” se comunicam hoje em dia.

O normal, para as pessoas “normais”, é sair para almoçar em um restaurante e tirar uma foto daquele belo filet a parmeggiana e postar no Instagram e marcar os amigos para que todos vejam. É avaliar no Google Maps como foi sua experiência nesse lugar para “ajudar” outras pessoas. É brigar com alguém no Facebook por que falou mal do restaurante ou da comida.

Bom, eu nunca fui normal. O primeiro brinquedo que pedi para meus pais comprarem foi uma guitarra, eu consertei a vitrolinha da minha mãe com 11 anos, aos 12 lia o caderno de política do jornal do meu pai, minha primeira camiseta de banda foi do Slayer.

Então eu não uso instagram, facebook, windows, iOs. E o motivo é muito simples: eu não sei como funciona, eu não tenho como fazer funcionar do jeito que eu quero. E eu não gosto da ideia de alguém decidir por mim o que eu quero ou gosto.

Daí o conceito de fediverso me atraiu imensamente. Minha primeira imersão no conceito foi, claro, e-mail. Eu não gostava de usar o que todos usavam, eu tinha que ter um diferente.

Todo mundo usa whatsapp, eu tenho que ter também, mas o meu fica em um aparelho exclusivo que fica em casa.

Eu uso há muitos anos um serviço de nuvem que não é o Gooogle Drive mas o Nextcloud.

Quando comecei a mexer com TI, meu mundo se expandiu. Eu hoje tenho meu próprio servidor em casa onde tenho Nextcloud para guardar meus arquivos e Mastodon, PeerTube e WordPress para me comunicar com o mundo.

O grande conceito aqui é: controle! Eu controlo como me comunico com o mundo, eu defino os termos, eu faço as regras. É claro que eu informo tudo isso para quem quiser se comunicar e interagir comigo mas não mudo uma vírgula por causa da opinião dos outros.

Self-hostear é libertador e o fediverse também. Este post mesmo será publicado na minha instância Mastodon. Lindo, não?

Em outro post falarei sobre minhas impressões sobre o Mastodon, especificamente.

Minha inspiração para este post veio da leitura deste texto: https://erinkissane.com/mastodon-is-easy-and-fun-except-when-it-isnt de @kissane@mas.to

Fabio Oibaf Written by:

Por muito tempo somente sobrevivi; minha mente não parou, entretanto. A dor de pensar e pensar e pensar sem escrever, sem guardar nada para além da falha e já próxima do ocaso memória, passou a ser doloroso demais. O que isso diz sobre mim? Talvez este espaço venha a me explicar. Quem sabe ou saberá?

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